Está na Revista Consultor Jurídico (Conjur) de hoje, a
notícia que um acionista minoritário esta processando a empresa do qual é sócio
por abuso de poder, abuso este que, segundo ele, levou a queda das ações.
Sim, estamos falando do JVCO que processa a TELECOM
ITALIA, acionista controladora da TIM.
O caso chamou minha atenção, pois dissertei sobre o tema
na monografia de conclusão de curso da pós-graduação em Direito Empresarial.
A Lei das Sociedades Anônimas, após suas atualizações e
alterações, visa a proteção do acionista minoritário, trazendo em seu bojo
diversos mecanismos de proteção ao grupo desprivilegiado.
Porém, apesar da lei prever tais mecanismos e
responsabilizar o sócio majoritário pelo abuso de poder e danos causados a
sociedade, a outro acionista ou a terceiros, nem sempre ele é de fato
condenado.
Agora, nos resta aguardar como será resolvido este
processo, pois novamente o judiciário terá a oportunidade de se manifestar
sobre a proteção do acionista minoritário, tema este que não é recorrente em
nossos tribunais e quando vem a tona, tende a prevalecer o interesse dos majoritários.
Foi exatamente o que aconteceu há poucos meses no caso da Petrobrás, a qual foi acusada de abuso de poder na Petroquisa pela Porto Seguro, acionista minoritário, onde o STJ acatou o recurso da Petrobrás e extinguiu o feito sob o argumento de que ficou caracterizado a confusão entre o credor e devedor, e, nos termos do artigo 381 do Código Civil, tal fato extingue a obrigação. (Resp 745739)
E, complementando o post que achei que terminaria no parágrafo anterior, acabo de tomar conhecimento que o caso da Petrobrás não foi encerrado.
A Porto Seguro protocolou Embargos de Declaração, ou seja, o STJ terá nova chance de dizer a respeito do assunto, o qual, segundo perícia judicial, estamos falando de 2,4 Bilhões de "doletas"!
Segue a reportagem:
A JVCO, acionista minoritária da TIM Participações,
informou nesta terça-feira (9/10) que abriu processo contra a Telecom Italia na
Justiça do Rio de Janeiro. Pediu indenização à operadora com base em uma
postura que afirma ser de abuso de poder por parte do grupo italiano que tem
causado prejuízos a empresa e seus acionistas. As informações são do portal
UOL.
A ação da JVCO, controlada pelo empresário Nelson Tanure,
não estabelece o valor do pedido de indenização, mas cita como parâmetro a
queda no valor de mercado da TIM. "Desde o afastamento de Luca Luciani,
ex-presidente da TIM, os acionistas viram o valor da companhia ser reduzido em
mais de um terço, o que corresponde a uma perda de R$ 10 bilhões".
Na semana passada, a JVCO acusou a TIM de irregularidades
no balanço, afirmando que a empresa tem uma dívida de R$ 6,6 bilhões, alegação
negada pela operadora e que gerou um tombo no valor das ações da empresa.
Representantes da TIM no Brasil não puderam comentar o
assunto de imediato. Em evento do setor de telecomunicações no Rio de Janeiro,
o presidente da Telecom Italia, Franco Bernabe, afirmou apenas que "não há
um processo de pequenos investidores em geral. Há discussões com um investidor
minoritário (Tanure)", disse ele sem dar mais detalhes antes de apresentar
uma palestra.
Segundo a JVCO, representada pelo escritório de advocacia
Bulhões Pedreira, a Telecom Italia indicou Luciani para os cargos de membro do
Conselho de Administração e presidente da TIM, "quando sabidamente já se
encontrava sob investigação promovida pelo Ministério Público italiano, por
suspeita de prática de fraudes com o propósito de inflar a base de clientes da
Telecom Italia". Luciani renunciou aos cargos no início de maio deste ano.
Na época, a ação da empresa era cotada no patamar de R$ 10 e, atualmente, está
pouco acima de R$ 7.
A JVCO, parte da Docas Investimentos, de Tanure, era a
antiga controladora indireta da Intelig, adquirida pela TIM em 2009. A empresa
não informa o tamanho de sua participação na operadora.
A TIM tem enfrentado uma série de revezes nos últimos
meses, como a suspensão de vendas do segmento de telefonia móvel em diversos
Estados aplicada pela Agência Nacional de Telecomunicações (Anatel). Na ação, a
JVCO afirma que durante gestão na TIM, Luciani adotou uma política comercial
"agressiva que resultou em graves problemas de qualidade dos serviços
prestados".
O presidente da TIM, Andrea Mangoni, defendeu seu
antecessor à frente da empresa no Brasil e negou que a Telecom Italia tenha
operado com abuso de poder sobre seus minoritários no Brasil. O executivo
frisou que a empresa é sólida, e que sua reputação é o principal ativo da
companhia. "O balanço da TIM é sólido, transparente e auditado",
ressaltou. "Não apresentamos nenhum problema, não temos nenhuma dívida",
completou.
Fonte: Revista Consultor Jurídico, 9 de outubro de 2012.
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