A companhia aérea regional Passaredo entrou nesta
sexta-feira com um pedido de recuperação judicial na 8.ª Vara Cível de Ribeirão
Preto (SP). Com uma dívida estimada em R$ 100 milhões, a empresa teve problemas
de liquidez e precisará reestruturar sua operação. A companhia informou que os
voos estão mantidos e os passageiros não serão afetados.
A Passaredo é a quinta maior companhia aérea do País,
atrás de TAM, Gol/Webjet, Azul/Trip e Avianca, mas responde por apenas 0,54%
dos voos domésticos brasileiros, segundo dados de agosto da Agência Nacional de
Aviação Civil (Anac). Com sede em Ribeirão Preto, a empresa está no mercado
desde 1995 e atualmente voa para 21 destinos.
Antes de entrar com pedido de recuperação judicial, a
Passaredo já vinha enxugando sua operação. A companhia começou a devolver seus
jatos Embraer 145, de 50 lugares, em junho. Com isso, sua frota operacional,
que era de 11 aeronaves, foi reduzida para os atuais quatro turboélices ATR,
com 70 assentos.
A empresa terá de apresentar aos credores um plano de
recuperação em até 60 dias. "Não se trata de uma pré-falência ou da
procura de uma alternativa de venda. O propósito é reorganizar o caixa da
empresa e voltar a crescer", disse o advogado Aires Vigo, que representa a
Passaredo.
Até hoje, nenhuma empresa aérea que entrou em recuperação
judicial conseguiu se reerguer. Desde que a lei entrou em vigor, em fevereiro
de 2005, três empresas entraram com pedidos de recuperação judicial - Varig,
Pantanal e VarigLog. A Varig foi vendida à Gol, a Pantanal à TAM e a VarigLog
foi a falência. "No caso da recuperação judicial, um dos principais
caminhos para tirar a empresa da crise é a venda", disse o consultor em
reestruturação de empresas Luis Paiva, da Corporate Consulting.
A Passaredo, no entanto, diz que sua situação é
diferente. "As outras empresas não conseguiram se recuperar porque seu
problema era muito maior. Nosso problema não é insolúvel", disse o
advogado da empresa.
Crise na aviação
As companhias aéreas estão enfrentando um cenário adverso
que tem corroído sua rentabilidade neste ano. O maior vilão é o combustível,
responsável por 40% dos custos do setor. O preço do querosene de aviação
disparou 42% nos últimos 12 meses, segundo o presidente da Associação Brasileira
das Empresas Aéreas (Abear), Eduardo Sanovicz.
As líderes do setor, Gol e TAM, somaram um prejuízo
líquido de R$ 1,6 bilhão no segundo trimestre. "As empresas menores sofrem
mais. Elas têm uma capacidade de resposta reduzida, com caixa menor e menos
acesso a crédito", disse Sanovicz.
De 2010 para cá, dez empresas aéreas de pequeno porte
suspenderam a operação. "Com margens pequenas, as companhias precisam de
escala para sobreviver", disse Sanovicz. "A tendência é ter cada vez
menos empresas nesse mercado."
Fonte: Estadão, 20 de outubro de 2012.
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