domingo, 28 de outubro de 2012

IOF TIRA US$ 30 BI DO PAÍS, DIZ PAULO LEME


O presidente da Goldman Sachs no Brasil, Paulo Leme, afirmou que pelo menos US$ 30 bilhões em investimentos financeiros deixaram o País em pouco mais de um ano, desde que o governo adotou a cobrança de IOF para capitais estrangeiros com foco em aplicações em renda fixa, sobretudo nos títulos públicos. "De US$ 30 bilhões a US$ 40 bilhões saíram do Brasil nesse período em recursos de portfólio em renda fixa e variável e foram para outros destinos, especialmente o México, onde há um marco tributário muito estável, baixíssima tributação para o capital, regime cambial estável, flutuante e previsível", destacou.
 

De acordo com Leme, o mundo está "repleto de liquidez", pois os bancos centrais de nações avançadas "injetaram quase US$ 10 trilhões nos últimos anos", para estimular suas respectivas economias, e isso representa uma boa oportunidade de financiamento para o Brasil, sobretudo em obras de infraestrutura. "Precisamos ter mais transparência, previsibilidade e confiabilidade das regras do jogo, na área tributária, no regime cambial e na questão regulatória. Ninguém gosta de surpresa e quer calcular antes a taxa de retorno", comentou. "O Brasil tem uma agenda de quase R$ 1,5 trilhão de projetos de infraestrutura e não tem poupança interna. Mas vai ter que trabalhar para ter esses investimentos", destacou.

Vitória com perdas. "Ao ter aumentado os impostos via IOF na entrada do capital estrangeiro em certas modalidades, como também ter elevado o câmbio de R$ 1,55 para 2,00, (o governo) alcançou uma vitória de curto prazo, mas perdeu a batalha", comentou. "O regime de câmbio fixo tem benefícios de curto prazo e grandes desafios de longo prazo, e se torna insustentável, pois ou ocorre depreciação ou valorização do câmbio", apontou.

Segundo ele, esse regime de câmbio traz consequências à economia, pois quando o País precisa apreciar a moeda e não o faz, isso acaba provocando inflação, o que é ruim para a estabilidade financeira.

Na avaliação de Paulo Leme, há uma boa dose de dúvidas por parte de investidores internacionais sobre o funcionamento das debêntures de longo prazo, títulos que não pagarão imposto de renda para quem desejar aportar capitais em obras de longa maturação no País, como rodovias, ferrovias e aeroportos.

"Eventualmente os projetos vão ocorrer porque são espetaculares. O Brasil precisa de infraestrutura, mas ainda há muito trabalho para que isso se materialize", apontou. Ele fez os comentários depois de participar do 33º Congresso Brasileiro dos Fundos de Pensão, em São Paulo.

RICARDO LEOPOLDO
Fonte: - O Estado de S.Paulo 27 de outubro de 2012.

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