A Vara de Fazenda Pública de São Carlos (SP) concedeu tutela
antecipada contra uma cobrança indevida de Imposto Sobre Serviços de Qualquer
Natureza (ISS) pela prefeitura local. A juiza Gabriela Müller Carioba Attanasio
entendeu existir perigo de dano à empresa. “Caso a tutela não seja concedida,
[a empresa] terá que continuar a pagar imposto aparentemente indevido e, caso
deixe de efetuar o recolhimento, se sujeitará à cobrança judicial e inserção de
seu nome no cadastro de inadimplentes”, explicou a juiza ao deferir o pedido.
O entendimento afastou a exigência do ISS e suspendeu os
lançamentos efetuados em relação à prestação de serviços fora do município de
São Carlos, até o julgamento da demanda. A juíza também determinou que o
município se abstenha de lançar o ISS e atualize o seu sistema, para cessar
eventual cobrança.
A empresa é sediada em São Carlos, porém presta serviços
fora do município. No entanto, mesmo recolhendo ISS no local da prestação do
serviço, a Prefeitura de São Carlos cobrava novamente o ISS, alegando que o
imposto deveria ser pago no local da sede da prestadora.
Diante da cobrança indevida, a empresa ingressou com Ação
Declaratória de inexistência de relação jurídico-tributária com pedido de
tutela antecipada. De acordo com o advogado responsável pela ação, Augusto
Fauvel de Moraes, a jurisprudência é pacífica no sentido de que o ISS, na
vigência do artigo 12 do Decreto-lei 406/1968, é devido ao município em que o
serviço é efetivamente prestado, e não àquele onde está sediado o
estabelecimento prestador.
Na ação, a empresa solicita ainda a restitução do montante pago
indevidamente e comprovado em contratos e notas fiscais anexadas ao processo,
conforme previsto no artigo 165 do Código Tributário Nacional, que diz que o
sujeito passivo tem direito, independentemente de prévio protesto, a restitução
total ou parcial do tributo quando houver a cobrança ou pagamento espontâneo de
tributo indevido.
Veja a íntegra do despacho:
VISTOS. Fls. 297/301: Diante das ponderações feitas e dos
documentos juntados, nota-se presente, também, o perigo de dano à autora, pois,
caso a tutela não seja concedida, terá que continuar a pagar imposto
aparentemente indevido e, caso deixe de efetuar o recolhimento, se sujeitará à
cobrança judicial e inserção de seu nome no cadastro de inadimplentes. Ante o
exposto, antecipo os efeitos da tutela, para o fim de afastar a exigência do
ISS da autora e suspender os lançamentos efetuados, em relação à prestação de
serviços em outras localidades fora do município de São Carlos, até o
julgamento da demanda, bem como para determinar que a municipalidade se
abstenha de lançar o ISS e atualize o seu sistema, para cessar eventual
cobrança. Int. São Carlos, 18 de março de 2013. Gabriela Müller Carioba
Attanasio 1ª Juíza de Direito Auxiliar
Processo 0000593-29.2013.8.26.0566
Tadeu Rover é repórter da revista Consultor Jurídico.
Fonte: Revista Consultor Jurídico, 14 de abril de 2013.
0 comentários:
Postar um comentário